sábado, 28 de fevereiro de 2009

Corte de custos x Qualidade do Serviço

A Skytrax é uma consultoria britânica especialista em análises de qualidade de serviços e equipamentos do mercado de aviação civil.
Por exemplo, todo ano eles elegem o melhor aeroporto do mundo, tendo como base também a opinião daqueles que fazem uso dos aeroportos mundo a fora: os turistas.
O melhor no ranking de 2008 foi (abaixo) o Aeroporto Internacional de Hong Kong (HKG).


Um dos pontos positivos, neste caso específico, é a participação do internauta. Você pode participar da pesquisa anual da Skytrax através da World Airport Survey.
Por ter alta credibilidade no mercado em que atua, as pesquisas e rankings da Skytrax são indicadores nesse mercado que faz parte de um dos tripés básicos do turismo: o transporte.
Rankings de melhores companhias aéreas, melhores serviços de bordo, melhores lounges, dão credibilidade à empresa que entra no tal ranking, recebendo o selo da consultoria.
Queria saber o que a renomada consultoria britânica diria sobre a última da companhia aérea irlandesa Ryanair.



A polêmica dessa vez é a possível instalação de máquinas de moedas nos banheiros dos aviões da empresa. Ou seja: Se você for voar Ryanair, vá ao toilet no aeroporto!
Para quem não conhece, a Rayanair é uma companhia aérea low-cost irlandesa, com sede em Dublim e utiliza dois hubs como base: Aeroporto Internacional de Dublin (DUB), Irlanda; e o London Stansted (STN).
O interessante (e polêmico) da política da empresa irlandesa é o tratamento que eles reservam ao seu cliente. Conversando com alguns amigos que vivem na Europa e que já utilizaram os serviços de baixo custo da Ryanair, percebi que o cliente é simplesmente mais um número. O que acontece é que, por serem low cost, eles querem reduzir o custo do vôo ao extremo para poderem lucrar mais, tendo em vista que as tarifas são realmente baixas.
Exemplos disso são a extinção de alguns guichês de check in da empresa em alguns aeroportos e, essa última, a cobrança para usar o banheiro (Clique aqui para ler a matéria).
Será que vale a pena cortar tantos custos e esquecer o bom tratamento ao cliente?
Um bom atendimento significa, dentre outras coisas, uma ferramenta de fidelização da clientela. Cortar custos ao extremo é uma estratégia perigosa, creio eu, se ao mesmo tempo a qualidade do serviço oferecido também cair.
No Brasil temos casos como da GOL e da extinta BRA que, em certo momento de suas histórias, tiveram problemas com esse dilema estratégio.
Enfim, fica a dica: Se você estiver na Europa e adquirir um eticket da Ryanair, certifique-se se já estão cobrando para usar os toilets dos aviões antes de voar.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Reforma ortográfica?

Reforma o quê?
A BBC Brasil tenta aprofundar-se na polêmica reforma ortográfica da língua portuguesa fazendo uma série de matérias sobre o assunto.
A primeira matéria foi sobre o mirandês, língua derivada do leonês, falada na região de Miranda do Douro, norte de Portugal.

Placa em mirandês no município de Miranda do Douro, norte de Portugal.

A língua que por muito tempo foi considerada um dialeto, tem status de língua oficial nessa região de Portugal junto com o português.
Cerca de 15 mil pessoas falam o mirandês e tentam manter viva a cultura da região.
O interessante nessa matéria é que em tempos de reforma ortográfica da língua portuguesa, existem pessoas vivendo em países lusófonos que estão interessadas (desculpem a cacofonia) em assuntos bem mais importantes como a preservação da cultura local de uma comunidade.
Tais situações, como a do povo mirandês e de muitas minorias étnicas espalhadas pelo mundo (e, em especial nesse momento, nos países lusófonos), intriga e gera dúvidas sobre um ''acordo'' ortográfico que só o Brasil até o momento ratificou.
Será que a situação desses povos e toda sua especificidade cultural não é relevante dentro de uma reforma ortográfica?
Será que, antes de reformar a ortografia portuguesa, não seria válido a criação de métodos de apoio à línguas e dialetos minoritários visando a sobrevivência de culturas autóctones?
E, quais são os reais benefícios de uma reforma na ortografia portuguesa para esses povos e para o povo comum, que usa o português como primeira língua nos países lusófonos e que também possuem várias diferenças?
Tais perguntas só serão respondidas com o tempo, creio.
O que tenho lido é que muitas línguas e dialetos pelo mundo a fora não possuem, ao menos, status de língua oficial nas regiões onde ainda há resquícios de suas presenças e os poucos falantes lutam contra a extinção das mesmas bem como parte de sua cultura.
A própria BBC noticiou recentemente sobre o polêmico texto da ONU sobre a extinção do Cornish (Córnico, em tradução livre) como língua falada, sendo que há lojas, textos, rádios, programas de tv, sinalização urbana e turística em córnico, além de pessoas que ainda falam a língua na região da Cornualha.

Placa de boas-vindas em inglês e córnico perto de Plymouth, Inglaterra.

Muitos culpam o processo acelerado de globalização como fator determinante na extinção de algumas dessas línguas. Já eu prefiro culpar os poucos humanos (será que são mesmos humanos?) que estão no poder por não criarem mecanismos contra a extinção de culturas valiosas para toda a humanidade.
Globalização deve ser encarada como oportunidade, não ameaça. E o que seria do mundo globalizado sem a diversidade cultural?
Mecanismos devem ser criados para fortalecer as minorias, que são tão valiosas como qualquer outra cultura e devem ser inseridas na realidade mundial.
Em tempos de crise econômica global, a reforma ortográfica da língua portuguesa parece ser bem mais importante para poucos e irrelevante na vida de muitos.



Outros links úteis:
Cornish Language Partnership (Uma das organizações que promovem a língua córnica)
The European Charter for Regional or Minority Languages (Carta Européia das Línguas Regionais ou Minoritárias). É um tratado adotado pelo Conselho Europeu para promover línguas regionais e minoritárias na Europa.
You sou mirandés! (Portal da cidade de Miranda do Douro que promove a difusão da cultura mirandesa na rede)
Mirandês no Sapo (Site em mirandês do Centro de estudos lingüísticos da Universidade de Lisboa)